Hoje o dia começou com um sorriso.
Há umas semanas um palhaço que andava na rua apanhou-me desprevenido e deu à Maria uma flor. Claro que era um negócio. O palhaço vive dos muitos balões que dá às crianças e a cujos pais pede uma moeda.
Naquele dia, porque era um final de tarde solarenga e saí à pressa de casa, não tinha dinheiro comigo. Ele deu-me uma palmada nas costas e disse que o importante tinha sido o sorriso da Maria. Claro que no fundo deve ter ficado lixado.
Hoje, antes dos novos "doutores", "engenheiros" e "arquitectos" terem inundado a Praça 8 de Maio, lá estava ele, uma vez mais a tentar a sua sorte. O único euro que tinha, com destino traçado, acabou nas mãos dele. Ficou surpreendido sem perceber. "Foi uma flor que há uns tempos destes à minha filha, em troca de um sorriso". Ele não se lembrava. Mas eu não vou esquecer o sorriso dela...