o castigo

na terça-feira ficámos sozinhos os três ao final do dia. ela pediu-me um iogurte e eu dei-lho. a seguir fui dar de mamar ao Zé Miguel e quando ela gritou "ranho!"disse-lhe "vai à cozinha buscar um papel" (guardanapo).ela foi. e demorou uma eternidade.quando lá cheguei percebi:tinha estado a encher as formas de queque com iogurte,bem como a forma do gelo e a gaveta onde estava tudo.
furiosa mandei-a para a cama de castigo.choros e berros mas foi. sentada na cama continuou com aquele choro sem lágrimas,ao que avisei:"ou te calas ou se vou aí levo uma palmada". calou-se. e ficou, com o ar mais triste da terra,sentada quietinha na cama dela. ainda me pediu um urso,mas disse-lhe que não,que estava de castigo.voltou o choro.voltou a ameaça de palmada.voltou o silêncio.confesso que me partiu ocoração vê-la ali,quietinha e obediente. mas teve de ser. quando ouviu a porta disse "é o meu papá?" e inicou a berraria e o queixume "a mamã é má".tem de ser filha,algumas vezes tem de ser.